Governo prepara pacote para financiamentos imobiliários
por Murilo Rodrigues Alves, do Estadão Conteúdo
Brasília - O governo
prepara um pacote de medidas para resolver a questão da falta de
recursos para os financiamentos imobiliários. Falta determinar qual o
tamanho exato dos mecanismos para não comprometer dois pontos cruciais
para a equipe econômica de Dilma Rousseff: o combate à inflação e o ajuste fiscal.
O mais provável é que sejam adotadas ações propostas tanto pelo Banco
Central como pela Caixa, a principal prejudicada com os saques recordes
da poupança. A Caixa ficou praticamente sem recursos para financiar a
compra de imóveis avaliados em até R$ 750 mil.
"Esse conjunto de medidas - porque não basta apenas uma - é importante
para mantermos o crédito imobiliário no País. Isso vai ser muito
proximamente resolvido", disse a presidente da Caixa, Miriam Belchior.
Liberação de recursos
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o BC sugeriu liberar uma parte
dos 20% dos recursos da poupança que os bancos são obrigados a deixar
na instituição (chamados de depósitos compulsórios), desde que os bancos
usem esse dinheiro para conceder financiamentos a casas populares.
Essa prerrogativa, que já foi adotada para o setor automobilístico, é
importante para não aquecer a economia como um todo e dificultar o
combate à inflação.
Mas não há hipótese, segundo fontes ouvidas pela reportagem, de o BC
liberar os R$ 44,3 bilhões de compulsórios como as construtoras pediram.
Ao mesmo tempo, o BC deve apertar a fiscalização para que os bancos
apliquem realmente os 65% dos depósitos das cadernetas nos
financiamentos de casas próprias.
Isso porque as instituições conseguem burlar essa regra com o uso de
títulos e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Na prática, o
dinheiro da poupança, que era para ser usado na construção de casas,
também financia imóveis comerciais.
Se os bancos privados, que ainda têm "gordura" para queimar, não
quiserem seguir a nova flexibilização, eles podem ceder esses recursos
mais "baratos" para os bancos menores, que assumiriam os riscos dos
empréstimos.
Já a Caixa trabalha para que o conselho curador do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) libere uma parte maior do orçamento para esses
financiamentos.
Isso faria com que se pudesse ampliar o valor dos imóveis que podem ser
financiados pelo fundo e cobrar taxas menores. Hoje, o limite é de R$
190 mil para imóveis nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio e no
Distrito Federal.
A ideia é ampliar para financiamentos de até R$ 300 mil a R$ 400 mil. A
preocupação é que esse dinheiro não pode ser usado para financiar
imóveis muito caros, o que seria uma distorção na função de distribuição
de renda do FGTS.
Em meio à contenção dos gastos e sem poder fazer novos aportes no banco
estatal, não restou outra alternativa ao governo do que recorrer ao
FGTS.
Dessa forma também se evita o "patrimonialismo" de subsidiar um setor
com dinheiro público, recorrentemente criticado pelo ministro da
Fazenda, Joaquim Levy.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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